Daltônicos nas Olimpíadas
“O mais comum é o fator congênito, que ataca principalmente os homens. Na mulher, quando ataca, o primeiro filho homem tem chance de 50% de ser daltônico”, continua Bretas. Um a cada 12 homens é daltônico. Entre as mulheres, uma a cada 200.
No mundo esportivo, os daltônicos não sofrem apenas para enxergar Bolt. O futebol, como o esporte mais popular do mundo, também gera problemas. O principal é que nem toda diferenciação de uniforme entre os times é, de fato, diferente para quem não vê cores.
Se um time joga completamente de vermelho e seu adversário de verde, se torna impossível par um daltônico saber quem é quem. Goleiros que jogam com cores que daltônicos não enxergam podem ser confundidos com jogadores de linha, assim como árbitros.
Partida entre Liverpoool e Sunderland pelo C. Inglês (Reprodução/TV)
E nas Olimpíadas?
“Alguns equipamentos são confundidos com o solo, como bolas vermelhas da bocha (paralimpíadas) com o chão verde. Os mastros dos obstáculos da canoagem verdes e vermelhos parecem ser os mesmos, mas vermelho indica passar de costas e verde de frente. Já exemplo de bom contraste é o chão azul do hóquei com bolas amarelas”, diz Ward.
“Uniformes no rugby, futebol, basquete, hóquei, podem ser um grande problema. Na Copa do Mundo de rugby de 2015, em três partidas não havia como daltônicos distinguirem os times”, continua.
A NBA acaba sendo o exemplo perfeito de ajuda a daltônicos. Como um time sempre usa uniforme claro e o outro escuro, não existem partidas que não possam ser assistidas.
“O ideal é que as federações determinassem padrão de contraste em que o individuo portador pudesse identificar a cor”, afirma Bretas.
Já a Fórmula 1 é um péssimo programa para daltônicos. Segundo a Colour Blind Awareness, os gráficos que a transmissão da modalidade produz para a televisão são difíceis de ser compreendidos (já que trazem verde e vermelho como base).
“Quando o verde é usado para mostrar uma vitória e o vermelho uma derrota, isso causa problemas. As coberturas de televisão deveriam utilizar bons contrastes de cor em relação aos gráficos, senão esses problemas surgem. Gráficos de Fórmula 1 são muito confusos”, diz a especialista inglesa.
Tabela do C. Inglês – daltônicos não enxergam o gráfico (Reprodução/BBC)
E quais são os padrões facilmente identificáveis?
“Pessoas daltônicas diferenciam facilmente preto e branco, azul e amarelo, preto e amarelo, azul e branco. Há outras combinações, mas essas são as melhores”, explica Ward.
Já existem empresas desenvolvendo tecnologias para ajudar pessoas daltônicas a diferenciar as cores em transmissões de televisão.
“Esse tipo de tecnologia está sendo explorada por muitos canais em todo o mundo e trabalha alterando as cores em tempo real. Algumas grandes organizações esportivas no Reino Unido estão também visando essa tecnologia. Obviamente isso não resolve todos os problemas com uniformes para as pessoas que assistem ao vivo no estádio, porém”, conclui Ward.
Como Usain Bolt afirma que os Jogos do Rio serão sua última Olimpíada, é possível que os daltônicos possam agradecer para sempre pela pista azul do Engenhão. Mesmo que não tenha sido pensada para isso, ela pode ter ajudado 350 milhões de pessoas a ver a história sendo feita.
Fonte: O Lance goo.gl/PTgC68