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Daltônicos nas Olimpíadas



Pela primeira vez Daltônicos viram Bolt nas Olimpíadas

O Optometrista Ricardo Bretas, Presidente de Honra do CBOO, concedeu entrevista ao site O Lance, apontando algumas particularidades do daltonismo e seus impactos para os telespectadores dos Jogos Olímpicos. Confira a notícia:
Usain Bolt ganhou no último domingo os 100 m rasos do atletismo pela terceira vez na história olímpica. O filme pareceu repetido para todo o mundo: Bolt larga mal, se recupera e, a partir da metade da prova, dominas os adversários. Qualquer um que teve a chance de acompanhar a lenda jamaicana no estádio ou pela televisão em Jogos Olímpicos sabe o roteiro.
Mas cerca de 350 milhões de pessoas, na verdade, só perceberam utilizando seus próprios olhos o quão Bolt é dominante durante a prova no Rio de Janeiro: os daltônicos.
Aproximadamente 5% da população mundial não enxerga as cores de forma normal. São vários tipos de daltonismo, mas o principal não difere o vermelho do verde – também há daltonismo que geram problemas de diferenciação entre vermelho e preto, verde e laranja, azul e roxo, azul claro e rosa, amarelo e verde claro e amarelo e laranja.
Como a pista dos estádios olímpicos de Pequim e Londres eram vermelhas, os daltônicos não conseguiram diferenciar o uniforme de Bolt e de seus rivais do chão.
“É difícil seguir os atletas, principalmente em tomadas abertas de televisão. Os atletas “desaparecem” contra a cor da pista”, conta Kathryn Albany-Ward, presidente da Colour Blind Awareness (Conscientização sobre Daltonismo, em tradução livre), organização inglesa que tem entre suas bandeiras a luta para que competições esportivas pensem em facilitar a visão para daltônicos.
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O Engenhão tem pista azul: assim foi a primeira vez que o jamaicano pôde ter seu show assistido completamente por quem tem daltonismo.
“Daltonismo se explica pelo menos de três formas. Ausência total das cores (acromático, vê preto, branco e cinza); ou ausência de uma das cores entre vermelha, verde ou azul, graças à confusão dos canais de pigmentos que formam as cores (dicromático); ou quando pessoa tem todos os receptores de cores, mas não funcionam bem (tricromático)”, explica o dr. Ricardo Bretas, presidente do Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria (CBOO).

“O mais comum é o fator congênito, que ataca principalmente os homens. Na mulher, quando ataca, o primeiro filho homem tem chance de 50% de ser daltônico”, continua Bretas. Um a cada 12 homens é daltônico. Entre as mulheres, uma a cada 200.
No mundo esportivo, os daltônicos não sofrem apenas para enxergar Bolt. O futebol, como o esporte mais popular do mundo, também gera problemas. O principal é que nem toda diferenciação de uniforme entre os times é, de fato, diferente para quem não vê cores.
Se um time joga completamente de vermelho e seu adversário de verde, se torna impossível par um daltônico saber quem é quem. Goleiros que jogam com cores que daltônicos não enxergam podem ser confundidos com jogadores de linha, assim como árbitros.
Partida entre Liverpoool e Sunderland pelo C. Inglês (Reprodução/TV)
E nas Olimpíadas?
“Alguns equipamentos são confundidos com o solo, como bolas vermelhas da bocha (paralimpíadas) com o chão verde. Os mastros dos obstáculos da canoagem verdes e vermelhos parecem ser os mesmos, mas vermelho indica passar de costas e verde de frente. Já exemplo de bom contraste é o chão azul do hóquei com bolas amarelas”, diz Ward.
“Uniformes no rugby, futebol, basquete, hóquei, podem ser um grande problema. Na Copa do Mundo de rugby de 2015, em três partidas não havia como daltônicos distinguirem os times”, continua.
A NBA acaba sendo o exemplo perfeito de ajuda a daltônicos. Como um time sempre usa uniforme claro e o outro escuro, não existem partidas que não possam ser assistidas.
“O ideal é que as federações determinassem padrão de contraste em que o individuo portador pudesse identificar a cor”, afirma Bretas.
Já a Fórmula 1 é um péssimo programa para daltônicos. Segundo a Colour Blind Awareness, os gráficos que a transmissão da modalidade produz para a televisão são difíceis de ser compreendidos (já que trazem verde e vermelho como base).
“Quando o verde é usado para mostrar uma vitória e o vermelho uma derrota, isso causa problemas. As coberturas de televisão deveriam utilizar bons contrastes de cor em relação aos gráficos, senão esses problemas surgem. Gráficos de Fórmula 1 são muito confusos”, diz a especialista inglesa.
Tabela do C. Inglês – daltônicos não enxergam o gráfico (Reprodução/BBC)
E quais são os padrões facilmente identificáveis?
“Pessoas daltônicas diferenciam facilmente preto e branco, azul e amarelo, preto e amarelo, azul e branco. Há outras combinações, mas essas são as melhores”, explica Ward.
Já existem empresas desenvolvendo tecnologias para ajudar pessoas daltônicas a diferenciar as cores em transmissões de televisão.
“Esse tipo de tecnologia está sendo explorada por muitos canais em todo o mundo e trabalha alterando as cores em tempo real. Algumas grandes organizações esportivas no Reino Unido estão também visando essa tecnologia. Obviamente isso não resolve todos os problemas com uniformes para as pessoas que assistem ao vivo no estádio, porém”, conclui Ward.
Como Usain Bolt afirma que os Jogos do Rio serão sua última Olimpíada, é possível que os daltônicos possam agradecer para sempre pela pista azul do Engenhão. Mesmo que não tenha sido pensada para isso, ela pode ter ajudado 350 milhões de pessoas a ver a história sendo feita.
Fonte: O Lance goo.gl/PTgC68

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